terça-feira, dezembro 14, 2010

Estou no paraíso. Naturalmente, distante de casa. Não devia. Meus dedos, em conserva, ajudam a notar o barulho de um carro próximo. Certeza de que sou a única (a notar), pois meu interior está calado e o barulho se parece com o que o grilo faz. Adoraria saber qual é a tática para conservar esse vinho aberto, e provavelmente está. É conciso, aposto que ele nunca pegou a chuva. Chá de cigarro para parar de incomodá-los. Meu rim reclama, mas não inveja a falação da mesa ao lado.

(R digitou às 15 unidades na velocidade da luz, que é mais rápida que a do som)

5 comentários:

  1. "Estou no paraíso. Naturalmente, distante de casa."
    Excelente!

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  2. No paraíso estava eu, infelizmente em casa, a transcrever o que você dizia com uma voz não intencionalmente doce.

    Dessa vez, tudo fez muito mais sentido pra mim.

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  3. E as imagens vão se formando como um soco no estômago...irreais mas palpáveis...admirável.

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  4. Dudu, excelente?
    Inédito pra mim, mas obrigada.
    Sei que compreende a naturalidade disso.
    -
    R., acabei de pensar numa frase: e o vinho seco junto daquela mente seca, adocicaram a voz, intencionalmente.
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    Por último pois diz ser "Último" [rs], poderia definir aquelas imagens borradas que meus olhos captavam no momento, mas acho que as avistou bem, bem mesmo.
    Admirável? Inédito também...

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  5. vinho seco pra aguentar toda essa gente seca, isso sim! rs

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